Triquicibernautas

23/11/2015

Hoje foi dia de voltar ao passado. Quase todos trouxemos as respostas aos questionários feitos aos nossos pais e avós, sob os temas "Infância" e "Natal". A nossa professora combinou connosco ler 3 questionários por dia, na reunião da manhã, ao redor da mesa grande.
Estivemos a ler as respostas do avô do Gabriel, que tem 68 anos e que partilhou connosco o seguinte:
"Gostava de jogar ao botão, ao pião, ao espeto; "Não tinha televisão, nem rádio"; "Com 5 anos trabalhava na agricultura, até lhe chamavam "Chamava bois" e raramente tinha tempo livre"; "Não sonhava com brinquedos, pois já sabia que não havia dinheiro. Desejava ter sopa, um doce ou uma peça de roupa". Quanto ao Natal, refere que:" Não havia pinheiro dentro de casa, mas sim um pinheiro do monte no exterior, decorado com avelãs e rebuçados para comerem no dia de natal de manhã." No entanto diz: "Que era mais feliz que os meninos de agora, pois como tinha pouco, apreciava tudo." Este é um testemunho muito interessante, tão interessante que já pedimos ao Gabriel para o avô vir falar connosco, até porque tem brinquedos antigos que pode partilhar connosco, como é o caso da "RODA", e "PIÃO PIASCA".
Continuamos com as respostas do avô Leonel de 63 anos, avô da Maria Duarte, que nos diz: "Que estudou até ao 12º ano, que gostava de jogar futebol com os irmãos, pois eram 13, e de brincar com brinquedos artesanais daquela altura e ao esconde esconde." No natal tinha em casa." o pinheiro do monte com luzes, azevinho e presépio.  Sonhava ter uma bola e teve, mas tinha principalmente meias, cuecas, assobios de barro, piões e pássaro de madeira, que emprestou à neta MD, para hoje trazer para escola e partilhar connosco."
E nós aproveitamos também para experimentar!

Continuamos com as respostas dadas pela mãe do Afonso F. e como tem 36 anos, a sua infância ainda é muito recente. Assim, diz-nos que quando era criança, gostava de: "Brincar na rua com todos os meninos, jogar à bola e volei, andar de bicicleta, jogar ao elástico, macaca e saltar à corda e passar o dia em casa com a a"vó." No Natal, "Ia com os primos buscar o pinheiro ao monte e apanhavam musgo para o presépio, Colocavam luzes, fitas e bolas no pinheiro." "Sonhava com brinquedos e tinha sempre um, mas lembra-se especialmente de uma boneca de panos que queria muito e teve num natal."
Hoje enviou pelo Afonso duas fotografias...Uma dela, outra do marido quando eram crianças e que nós estivemos a observar. Achamos o Afonso parecido com o pai, mas o Afonso disse logo "O Gui (que é o irmão) é mais parecido."

O Afonso trouxe ainda um telefone antigo, da casa dos avós...Foi uma festa. Houve quem lhe chamasse "Telemóvel antigo". Este foi muito explorado durante o dia.



Já a Mimi, trouxe outro rádio de bolso antigo. Com este conseguimos ouvir vozes e música.
Já a Laura confidenciou-nos que. "Já fiz o meu pinheiro, que é de plástico, com a minha mãe e o meu pai. Ficou muito giro!"
E por causa disto e por causa dos "Pinheirinhos", das "Árvores de Natal" que tanto temos falado, principalmente nos pinheiros do monte, de que nos dão conta as respostas dos questionários, que continuamos no passado. A nossa professora lembrou-se da "Lenda do Pinheirinho", que a avó materna lhe contou quando ela tinha 7 anos, e que é assim:
“Há muito, muito tempo, na noite de Natal, existiam três árvores junto do presépio: uma tamareira, uma oliveira e um pinheiro. Ao verem o Menino Jesus nascer, as três árvores quiseram oferecer-lhe um presente. A oliveira foi a primeira a oferecer, dando ao Menino Jesus as suas azeitonas. A tamareira, logo a seguir, ofereceu-lhe as suas doces tâmaras. Mas o pinheiro, como não tinha nada para oferecer, ficou muito infeliz. As estrelas do céu, vendo a tristeza do pinheiro, que nada tinha para dar ao Menino Jesus, decidiram descer e pousar sobre os seus galhos, iluminando e enfeitando o pinheiro. Quando isto aconteceu, o Menino Jesus olhou para o pinheiro, levantou os braços e sorriu! Reza a lenda que foi assim que o pinheiro – sempre enfeitado com luzes – foi eleito a árvore típica de Natal.”
Percebemos muito bem a lenda, mas não sabíamos o que era a "Tamareira", pelo que pesquisamos na internet esta árvore e também não sabíamos o que eram tâmaras. Problema resolvido. Fomos comprar tâmaras ao supermercado e estivemos a provar. Muitos de nós não quisemos. Os que quiseram até repetiram...Afinal sempre são "doces tâmaras".
Depois e como que a dar as boas vindas ao nosso projeto "eTwinner" "Novelos de lendas e outras Rendas" (do qual daremos mais informações aos pais, lá mais para o fim da semana)...


Estivemos a "trabalhar" esta lenda em Pictograma e registada em cartão especial (pratos de bolos com rendas). Procuramos imagens na internet, que recortamos e colamos, desenhamos e copiamos frases.
Depois de concluído fizemos comunicação ao grande grupo, (re)contando a "Lenda do Pinheiro".


Que ficou assim!

"Diz a Lenda, que foi assim que o pinheiro sempre iluminado, foi eleito a árvore de Natal!"

3 comentários:

Paulo Topa disse...

Esqueci-me: não conhecia a lenda do pinheiro.

Paulo Topa disse...

Fiz asneira ao enviar, pela primeira vez, o comentário. A ver se me sai, mais ou menos, como saiu o primeiro.

Acho muito interessante que percebam um bocado como era o dia-a-dia antigamente. Os livros de história, muitas vezes, não falam disso e só as pessoas podem contar isso.

A minha mãe, que já está com 83 anos, por vezes, também fala de quando era pequena. Por vezes, também diz que era mais feliz do que as crianças de agora, mas, depois, lembra-se da fome que passou, do frio que passou (com chuva, neve ou calor andava sempre descalça); de dormir no chão duro ou num colchão feito de palha que depois começava a picar; de só ter lençóis de estopa que também picava, mas aquecia alguma coisa; de ter deixado os pais e os irmãos para trás e ter tido uma patroa aos 8/9 anos (só ia a casa de longe a longe) e de antes ter trabalho muito em casa; de ver os colegas e um irmão morrer com coisas que hoje se curam facilmente e que já se curavam na altura, mas não havia dinheiro para o médico ou para os medicamentos; e muda um bocado de opinião.

Nem tudo era mau, também tem boas recordações: de quando comiam um bocado melhor; de quando fazia os trabalhos de casa às colegas mais ricas e lhes ficava com o lanche; de quando morreram muitos colegas da rua e ela e os meus tios se safaram todos, porque tinham um poço em casa; de quando no Natal se comia um bocado melhor e os pais andavam mais bem dispostos.

Felizmente, o que escrevo acima já está quase completamente ultrapassado em Portugal, mas ainda há muitas pessoas a viver muito mal e já nem falamos do resto do Mundo.

Os triquiteiros ainda são pequenitos para perceber isto tudo, mas não sei se alguns (não os conheço de todo) também não terão situações complicadas em casa ou perto deles. Na escola onde trabalho, há situações muito complicadas, incluindo de pessoal a procurar coisas no lixo. Nós tentamos ajudar e indicar as famílias para os apoios corretos, mas é muito difícil.

Eu, que sou um bocado mais novo, tenho dificuldade em explicar ao meu filho que antigamente a televisão não dava desenhos animados todo o dia, que a televisão era a preto e branco e que não dava para voltar para trás...

Continuo a gostar imenso do teu/vosso trabalho!

P.S.- Desculpa se o comentário é um bocadito pesado e, se quiseres, não publiques. Estás mesmo à vontade.

Mª Leonor Albuquerque (S.Encarnada) disse...

Oh! Que gira esta ideia de "ouvir" falar dos brinquedos e natal de antigamente! A sério ... amei mesmo mesmo! Vou continuar a vir ver ... :)
Beijos, Triquiteiros!

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